quarta-feira, 11 de março de 2009

Deficientes vão ter versão adaptada do 'Magalhães'

PEDRO SOUSA TAVARES
Portáteis. Ministério nega discriminação de alunos com deficiências e diz que está a trabalhar nas adaptações necessárias para que os portáteis possam ser utilizados por estes estudantes, mas não avança prazos para a distribuição. Reacções dividem-se entre a satisfação e as críticas pela demora

Deficientes vão ter versão adaptada do 'Magalhães'
O secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, garantiu ontem ao DN que a maioria dos alunos com deficiências - como a cegueira e paralisia, que os impedem de operar os computadores Magalhães - "vai receber" estes portáteis já adaptados às suas necessidades, mas não se comprometeu com prazos para as respectivas entregas.

Confrontado com algumas acusações de discriminação a estes alunos que têm circulado na "blogosfera", o governante começou por criticar... os críticos: "Houve quem dissesse que os alunos com deficiências não recebem o Magalhães, o que é falso", disse. "Se o pedirem, recebem-no. O que se passa é que há estudantes com deficiências que os impedem de poder utilizar a versão disponível, o que implica adaptações que levam tempo."

Segundo Valter Lemos, estas adaptações já foram feitas com os portáteis do programa E-escolas, para os estudantes do 3.º ciclo e secundário (o Magalhães é para o 1.º e 2.º ciclos), embora também com demoras. "Já foram entregues portáteis do E-escolas preparados para alunos deficientes", contou. "Ainda não foram satisfeitos todos os pedidos, mas o E-escolas é um programa que não acaba e vão surgindo novas solicitações."

Em relação ao Magalhães, admitiu o secretário de Estado, há "dificuldades" relacionadas não só com a dimensão reduzida dos portáteis mas também com o facto de estes "virem com software educativo, enquanto os computadores do E-escolas só têm o software operativo".

Mas, segundo garantiu o governante, "os serviços responsáveis do Ministério estão a trabalhar com as empresas no sentido de fazer as adaptações necessárias". Algumas das alterações, "como a substituição do texto por voz e o teclado adaptado [para invisuais], serão feitas com facilidade". Outras, reconheceu Valter Lemos, poderão ser impossíveis: "Não sei se existe tecnologia que possa ser adaptada ao Magalhães para responder a todos os desafios", disse.

Ainda assim, a promessa foi recebida com agrado pelas entidades que apoiam estes cidadãos. Para António Matos, da Associação Portuguesa de Deficientes, " todos os instrumentos de trabalho, incluindo este computador, devem ser acessíveis a todas as pessoas com deficiências de modo a que todas as crianças estejam em condições de igualdade". Já Fernando Santos, da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal, lembrou que "é possível colocar em qualquer computador o programa para adaptar o sistema a deficientes invisuais".

Por outro lado, Vítor Gomes, responsável pela Federação Nacional dos Professores para o ensino especial, defendeu que "isto deveria ter sido pensado logo no início. Se era para todos os alunos de escolaridade obrigatória, é estranho só agora ser adaptado para estes alunos com necessidades educativas especiais".

Entretanto, a ministra da Educação vai ter de explicar aos deputados, na próxima terça-feira, a pedido do PSD, o processo de selecção das empresas envolvidas na produção e conteúdos do Magalhães, na sequência da notícia do Expresso sobre dezenas de erros de português nos jogos didácticos incluídos no portátil.

Fonte: DN Online

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